Não é uma cilada, Bino!
Lá em 1969 se você ligasse o rádio a chance de ouvir a voz do cantor Marcos Valle anunciando o Mustang cor de sangue e o Corcel cor de mel seria muito grande, assim como sua vontade de adquirir um dos dois modelos, já que eram os sonhos de consumo da época. O primeiro era importado e muito caro, já o segundo era um sonho mais alcançável.
O Corcel era um sedã robusto, econômico e espaçoso, mas tinha um problema: o desempenho. O motor Sierra, de apenas 1,3 litro e 62 cv, tinha dificuldades com os 969 quilos do carro. A solução nasceu na própria pista com Luiz Antonio Grecco, um dos mais importantes preparadores do automobilismo nacional e chefe da equipe Bino.
Grecco tinha desenvolvido o Bino Mark II, um protótipo da extinta equipe Willys que também utilizava o motor Sierra mas tinha 1440 cm3 e incríveis 125 cv. Sabendo do interesse que existiria em um Corcel mais veloz e potente, o preparador usou sua experiência e desenvolveu o Corcel Bino de três volumes. O veículo era homologado pela Ford e estava disponível em toda a rede de concessionários da marca. Sendo assim, a garantia de fábrica era mantida, mesmo depois de sofrer a personalização e as alterações mecânicas promovidas pela empresa Bino-Samdaco.
Na aparência as diferenças eram a decoração externa, composta por uma tomada de ar falsa sobre o capô com pintura preto fosca, as rodas largas feitas de magnésio com três opções diferentes de desenho, faróis auxiliares, lanternas coloridas em âmbar, pneus Pirelli Cinturato, escudos característicos da equipe Bino e faixas esportivas. No interior um painel revestido em jacarandá, um velocímetro de 200 km atrás de um volante esportivo Fórmula 1, conta-giros para 8000 rpm, entre outros.
O que tornava ele tão diferente, entretanto, se escondia sob o capô: um motor de novos pistões que elevavam a cilindrada para 1440 cm3 e um coletor de admissão para dois carburadores. Com isso, o tempo de aceleração caía de 23,6 para 15,5 segundos, mantendo ritmo forte por longo tempo sem passar por superaquecimento. Não foi a toa que o Corcel Bino ficou tão amado por todos, ele era a junção do modelo queridinho da época com uma dose a mais de potência. Você pegou essa época ou ficou só na vontade de conhecer?
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