A evolução do som automotivo: do rádio aos paredões de som

A primeira transmissão de rádio no Brasil foi feita em 1922. De lá para cá, houveram grandes revoluções, mas outras peças também surgiram para revolucionar o som automotivo.

Hoje em dia, é quase impossível imaginar-se dirigindo um carro que não tenha rádio nos dias atuais; porém, nem sempre foi assim. A primeira transmissão oficial de rádio no Brasil ocorreu apenas em 1922, mas, apesar da demora, ela foi o suficiente para nunca mais ficarmos sem trilha sonora durante uma viagem.

Desde o seu surgimento, o rádio sempre esteve entre os meios de comunicação que mais deram audiência, e, mesmo com o advento de novas tecnologias, ele vem se adaptando a tais mudanças. 

Assim, enquanto os automóveis evoluíam cada vez mais, o rádio seguia na mesma frequência. Desde 1930, foi só avanço. No entanto, outras formas de som automotivo também vieram para dividir esse espaço, como os famosos paredões de som.

Do surgimento à evolução do rádio

O primeiro rádio para carros, intitulado Motorola 5T71 foi criado em 1930, por Paul Galvin, mas não eram todos que poderiam adquirir um, já que custava em torno de 110 dólares (equivalente a U$2.678,00). Embora desejado por muitos, o Motorola 5T71 não era unanimidade, pois concentrava vários chiados e barulhos indesejados. Esse problema começou a ser superado 20 anos depois.

Em 1952, a Blaupunkt passou a vender o Autosuper, um modelo que usava a frequência modulada (FM), diminuindo as interferências e, então, melhorando a qualidade do som do aparelho. Para muitos, esse feito foi considerado a revolução do rádio automotivo, mas o progresso não parou por aí. 

Enquanto as AMs (modulação em amplitude) focavam no público adulto, as redes FMs dedicaram-se aos mais jovens, oferecendo música pop e rock ‘n’ roll para seus ouvintes. O sistema contava com um botão de busca que reduzia a sensibilidade do receptor, enquanto um motor elétrico girava o dial até que a recepção de um sinal mais forte o parasse. Na mesma época, a Ford lançou o sistema Town and Country, que realizava basicamente a mesma função.

Em 1955, a Chrysler foi mais além e lançou o primeiro sistema capaz de utilizar mídia externa: o Highway Hi-Fi. O novo modelo de rádio permitia que o motorista colocasse seus discos de vinil para tocar. Dizem que esse modelo funcionava muito bem; porém, custava caro. Além do preço, outro fator impedia que as vendas do Highway fossem altas: a complexidade do mecanismo. Por isso, em 1959, a Chrysler retirou o produto do catálogo.

A partir da década de 60, os rádios automotivos evoluíram ainda mais. Em 1963, a Becker lançou o Monte Carlo, o primeiro totalmente transistorizado. O sucesso do modelo se deu pelo fato de os transistores simplificarem os circuitos, tornando os rádios mais robustos, compactos e duráveis.

Durante os anos 70 e 80, a evolução do som automotivo baseou-se não somente em aparelhos cada vez mais modernos, mas também em cultura. A chegada das fitas cassetes trouxe um “boom” de independência musical, enquanto paralelamente eram criados modelos capazes de reproduzi-las. 

Estes eram a opção mais confiável e procurada, já que permitia gravações caseiras com qualidade equivalente à da matriz e, principalmente, deixava o usuário montar sua própria playlist

Só na década de 1990 foram criados dispositivos de amortecimentos eficazes para aguentar as vibrações do carro ao rodar, sem que o CD se deslocasse. Assim, a empresa Empeg, criou, em 1998, o rádio eletrônico no formato mp3. 

Já no século XXI, o som automotivo não era mais nenhuma novidade. Os rádios com leitor de arquivos mp3, cartão SD e portas USB já haviam se tornado comuns. 

No entanto, o surgimento do Ipod foi, sim, uma surpresa em tanto, pois representou o primeiro passo para a integração do som automotivo que eliminaria a necessidade de outras mídias físicas. Foi a BMW a primeira fabricante a oferecer integração com o dispositivo da Apple, em 2004.

Devido à popularização das centrais multimídia com conexão para internet ou espelhamento com smartphones, já é possível utilizar no carro apps de streaming – por exemplo, Spotify ou Deezer – que permitem o download de playlists no HD quando não houver conexão disponível.

Embora o rádio ainda seja o som automotivo mais utilizado pelos motoristas nas mais diversas situações, entre os jovens, os paredões de som estão tomando conta das festas de rua, como bailes funk, que requerem músicas tocadas em um volume bem alto.

Do rádio aos paredões de som

Ao contrário do que se pensa, os paredões de som não são um fenômeno extremamente recente e usados só nos cenários descritos acima. A cultura da utilização desse modelo para além dos limites auditivos se consolidou ao longo do século XX no Brasil, ao permitir que as pessoas passassem mensagens para um grande número de pessoas.

Consequentemente, isso atraiu então o interesse de políticos e comerciantes. Os primeiros aproveitaram o som automotivo para disseminar suas propostas pelas ruas a partir de discursos e jingles que pudessem reforçar suas chances de eleição.

Já os comerciantes usavam para disseminar suas propagandas. Promoções, sortimento de produtos à venda, endosso da qualidade desses produtos e mudanças excepcionais no horário de funcionamento do comércio era comunicado a partir de um som potente e bem alto de um carro.

Muito antes da sua popularização nos bailes funk, os veículos com os porta-malas abertos já faziam sucesso na frente de bares e adegas das capitais e de cidades interioranas, especialmente nas regiões sudeste e nordeste.

Atualmente, os paredões de som são muito procurados por jovens motoristas; mas, para fazer um daqueles… Haja trabalho. 

Em entrevista ao Portal Kondzilla, Wellington Alves, fundador da oficina Street Car, localizada na Zona Sul de São Paulo, conta que a produção dos paredões vai muito além da montagem. Segundo ele, o processo não é tão rápido, muito menos simples, já que sua equipe trabalha desde a fabricação das caixas, carretas e alto-falantes, até a instalação do sistema de som, o que demanda conhecimento de elétrica e sonorização.

Tudo começa pela construção da caixa, com a instalação do alto-falante e pintura. Isso porque cada caixa determina a frequência da música a ser ouvida. Os fabricantes tomarão, por exemplo, o funk como referência, adequando a frequência que irá tocar nessas caixas. Após isso, vem a definição da bateria, pois é preciso fazer um cálculo a fim de saber qual potência necessitará o cliente. 

A próxima etapa se resume a escolher o amplificador que irá controlar o uso de energia de todo o som, responsável também por equilibrar a vida da bateria nas festas. Assim, se o cliente quiser que o som dure a noite toda, a equipe deve combinar a bateria e o amplificador para atender essa energia.

Depois, é preciso montar os equipamentos do paredão, colocando cada peça mencionada no lugar certo. Por fim, são feitos os testes do som, com músicas para ajustar ou corrigir. Sobre a potência do som, é importante destacar que os materiais, bem como a estética do som automotivo, irão influenciar no tipo de música tocada.

Dessa forma, a evolução do som automotivo demonstra que, seja por meio do rádio ou dos paredões de som, os motoristas já se acostumaram a entrar no carro e colocar sua música preferida, ou escolher a rádio que mais gosta. 

E a tendência nunca é mudar esse cenário, mas, sim, adaptá-lo às necessidades, como têm acontecido com a popularização dos paredões de som. 

Seja como for, música e carros são uma ótima combinação.

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