A frota de veículos do Brasil está envelhecendo
Média de idade dos automóveis em circulação no país já se aproxima de 11 anos
A frota de veículos em circulação nas vias brasileiras está ficando velha: pelo nono ano consecutivo, a média de idade dos automóveis do país aumentou. O declínio, observado a partir de 2014, já alcançou os níveis de quase três décadas atrás, com números similares aos de 1994.
A conclusão veio do relatório anual do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças). De acordo com as informações apresentadas, o tempo de vida comum de ônibus, caminhões e transportes leves, no Brasil, é de 10 anos e 7 meses. Só de 2021 para 2022, a regressão acentuou 4 meses.
Análise que também pode ser comprovada nas ruas e na garagem dos cidadãos, – o encarecimento dos seminovos dá os sinais. A frota de usados se tornou a alternativa mais viável de boa parte da população que busca a aquisição sem precisar gastar valores superiores a 60 ou 70 mil reais.
Inclusive, hoje, o termo “carro popular” caiu em desuso no setor, em virtude das cifras exageradas cobradas na compra dos veículos. De olho na questão, o governo lançou uma Medida Provisória para facilitar a venda de carros novos em todo o território nacional.
A ação vai envolver as montadoras aqui sediadas. E na esteira do tema, que teve destaque nos últimos dias, vamos te ajudar a entender as principais causas desse fenômeno de envelhecimento, bem como suas consequências e possíveis soluções. Acompanhe.
Por que a frota ficou ultrapassada?
Diversos fatores contribuíram para a desatualização da frota nacional. Um dos principais é a falta de condições financeiras do povo para adquirir veículos novos, tendo em vista o preço que eles atingiram nos últimos anos.
“Num país em que a relação habitante/veículo se encontra distante de mercados maduros, parece surpreender que a frota circulante cresça em ritmo tão modesto, abaixo de 1% nos últimos três anos. Razões de natureza econômica concorrem, no entanto, para
elucidar a situação, dentre as quais o incremento da taxa de desemprego nos últimos 5 anos, a redução do poder de compra e alta da inadimplência”, justificou o Sindipeças.
A pesada carga tributária que incide sobre os automóveis, aliada aos juros elevados de financiamentos, transformou a compra de um zero-quilômetro tarefa dificílima à maioria dos brasileiros. E a falta de políticas de fomento à renovação da frota, por meio de incentivos fiscais e facilidades de pagamento, também contribuiu com esse anacronismo.
Só a partir deste ano é que houve a implementação de medidas governamentais mais práticas abrangendo políticas públicas para amenizar o problema. Ainda assim não se sabe o quanto serão comercialmente eficientes.
As consequências para o país
O definhamento automobilístico geral traz uma série de implicações ruins. Primeiramente, há um aumento nos índices de poluição atmosférica, uma vez que os veículos mais antigos tendem a emitir níveis mais elevados de sujeira. Isso, além de prejudicar a saúde pública, agrava o impacto ambiental.
Sem contar que a segurança no trânsito muitas vezes acaba comprometida. Carros fabricados há mais tempo possuem tecnologias de proteção menos avançadas, como freios ABS, controle de estabilidade e airbags, o que eleva o risco de acidentes.
Outra consequência nesse contexto é o aumento dos congestionamentos urbanos. Quanto mais velho o automóvel, maior sua probabilidade de apresentar falhas mecânicas e, assim, a interrupção do fluxo normal do tráfego, especialmente nas grandes e médias cidades.
Possíveis soluções para o problema
Para lidar com isso, portanto, é necessário adotar providências efetivas. Algumas incluem incentivos fiscais, como a redução de impostos e taxas para a compra de veículos novos, tornando-os mais acessíveis à população, algo que o governo em vigor já prometeu, via MP.
Também ajudam os programas de troca, com a implementação de negócios que substituam modelos antigos por novos e ofereçam quitações vantajosas. Além do investimento em transporte público, através da ampliação e da melhoria dos serviços, especialmente no que tange à modernização das linhas municipais, intermunicipais e estaduais de ônibus.
O envelhecimento da frota de veículos brasileira é um desafio que requer ações concretas por parte das autoridades. O atraso na sua renovação não apenas atinge o meio ambiente, mas a segurança no trânsito e a qualidade de vida de toda a comunidade.
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