O primeiro registro do uso desse tipo de máquina data de 1901, quando foi equipado no veículo Pipe, de fabricação belga. Ainda assim, não se sabe ao certo quem foi o inventor do primeiro HEMI, Hemispherical Combustion Chamber, motor que tem como principal característica a área de combustão do cabeçote – que é em formato de meia esfera – podendo ser V6 ou V8.
Foram anos de ostracismo até a década de 40, quando a Chrysler começou a investir nesse tipo de motor que, anos mais tarde, se transformaria em um dos aspectos mais marcantes da marca. Curiosamente, o primeiro HEMI produzido pela montadora norte-americana não foi equipado em um carro, mas, sim, em um avião. O Republic P-47 Thunderbolt foi usado pelas forças armadas dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, sendo lembrado até hoje como uma das principais aeronaves usadas na campanha aliada contra os nazistas.
Já no mundo das quatro rodas, a experiência adquirida nos anos sombrios da guerra foram aplicados em 1951 no projeto denominado FirePower. O produto final dessa proposta foi HEMI 331, equipado no Chrysler New Yorker, veículo produzido até o final dos anos 90. De lá para cá foram mais de vinte versões do motor, ao longo de três gerações de mudanças técnicas.
Mas foi um modelo da segunda geração que eternizaria o HEMI da Chrysler. O 426, produzido em 1964, deu novo gás para a máquina e, fora isso, concretizou o seu famoso apelido.
Depois de servir por dezenove meses na Guerra da Coreia, Tom Hoover voltou aos Estados Unidos e começou a trabalhar na Chrysler, onde, na própria empresa, fez mestrado em engenharia automotiva. Logo o trabalho virou diversão, e Tom criou junto com seus amigos o Ramchargers, grupo independente que procurava desenvolver um motor mais potente que os V8 Big-Block da GM.
Quando em 1961 o grupo venceu uma prova de Hot Rod com um motor próprio, um dos filhos de Lynn Townsend, então presidente da Chrysler, convenceu seu pai a dar apoio financeiro ao Ramchargers.
Dois anos depois, em 1963, já com apoio da montadora, Hoover recebeu uma ligação de Townsend, que na época coordenava o programa de corridas da marca. No telefone, Townsend perguntou, “o que é preciso para vencermos as 500 Milhas de Daytona no ano que vem?”. A resposta veio em forma de motor: o HEMI 426 foi apresentado ao mundo da corrida. Somente em 1966 ele ganhou as ruas e carros convencionais para, até hoje, ser lembrado pelos aficionados e apaixonados por carros.
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