Entenda como a Fórmula 1 pretende se tornar carbono zero sem perda de potência

As pressões mundiais pela redução das emissões de carbono chegam às pistas da F1, e estratégias vêm sendo pensadas para atingir a meta.

Ao fim da temporada 2020 da Fórmula 1, a categoria assumiu o compromisso de sustentabilidade proposto pela Federação Internacional do Automobilismo (FIA), responsabilizando-se a adotar importantes mudanças este ano. A novidade é o uso de combustíveis sustentáveis e a neutralização do consumo de carbono, visando tornar-se carbono zero até 2030.

Aprovada na Assembleia Geral Anual da FIA, a medida faz parte dos esforços em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Comitê Olímpico Internacional (COI). A base para isso está no Acordo de Paris – tratado assinado por 195 países, com o intuito de frear o aquecimento global.

O objetivo é transformar a maior categoria do automobilismo em um esporte que viaja ao redor do mundo de forma neutra em carbono. No entanto, a Fórmula 1 enfrenta dificuldades ao correr contra o tempo para pesquisar um combustível sustentável que mantenha o motor a combustão interna sem emitir dióxido de carbono, um dos gases mais poluentes do planeta. 

Diante disso, a F1 prevê um atraso na adoção desse modelo até que os novos regulamentos do motor entrem em vigor, o que deve ocorrer em 2025. Os turbos V6 devem ser mantidos, e a parte híbrida aumentada; porém, os custos serão cortados pela metade com a introdução do combustível neutro em carbono.

Na primeira etapa desse processo, a FIA enviou a todos os fabricantes de motores – Mercedes, Ferrari, Renault e Honda – 200 litros de biocombustível desenvolvido para que pudessem operar seus turbos de 6 cilindros no banco de testes. 

A energia da combustão com esse material ainda não é suficiente para atingir o nível de desempenho atual. Todavia, já se esperava prejuízos, pois o biocombustível foi criado de modo mais genérico, e não adaptado às várias necessidades de um Mercedes ou Ferrari V6 Turbo, por exemplo.

Por isso, as empresas Shell, Castrol, ExxonMobil e Petronas estão adaptando o combustível fóssil para os motores. Assim que elas aplicarem esses recursos em biocombustíveis ou gasolina sintética, a tendência é que os déficits de desempenho sejam reduzidos.

A fim de evitar que o combustível roube eficiência, um atual motor de combustão da F1 converte mais de 50% da energia da gasolina de alto desempenho em propulsão.

Gasolina neutra em carbono feita de algas

A FIA está buscando uma abordagem dupla para desenvolver combustíveis neutros em carbono. A primeira ocorre por meio de resíduos e biomassa, que são convertidos em combustível líquido como base. Esse método envolve a produção de um combustível a partir de microalgas. De acordo com a revista FIA, a Mazda vem pesquisando nessa direção. 

Esse modelo apenas emite tanto carbono para o meio ambiente quanto o que era anteriormente liberado do ar através da fotossíntese.

As microalgas poderiam ser cultivadas em plantações dispensáveis à agricultura, sem contar que os efeitos sobre os recursos de água doce com esse tipo de combustível são mínimos. Biodegradável, o biocombustível do organismo verde pode ser produzido com sal ou efluente e possui alto ponto de fulgor.

A segunda forma se dá via combustíveis sintéticos – também conhecidos como e-fuels. Eles são obtidos em laboratório por hidrogênio e dióxido de carbono após uma série de processos químicos. 

Conclusão

A Fórmula 1 mantém a meta de adotar o uso de combustíveis menos agressivos à natureza. Mas, pelo andar da carruagem, muitos estudos ainda precisam ser feitos para equilibrar sustentabilidade e bom desempenho do motor.

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