No mundo automotivo a Citroën é conhecida pela sua contribuição no desenvolvimento de suspensões alternativas. Essa tradição começou em 1954, quando o Traction Avant – o primeiro com tração dianteira a ter sucesso no mercado – foi equipado com suspensão hidropneumática. Porém, como ela funciona?
Desenvolvida pelo engenheiro Paul Mèges, o sistema consistia em um circuito hidráulico com óleo mineral e nitrogênio pressurizado. As molas e amortecedores foram substituídas por esferas acumuladoras que continham gás e fluido hidráulico. É o gás quem vai fazer o papel de elemento elástico da suspensão, comprimindo-se e expandindo-se de acordo com as irregularidades da superfície. Já o fluido hidráulico fornece a sustentação e, controlado por uma bomba, possibilita que se altere a altura da suspensão e até mesmo, que se dirija o carro sobre apenas três rodas, como é o caso do Citroën DS 1955. Na prática, o carro permanece sempre na mesma altura, não importa o peso que esteja submetido. Ou seja, um veículo com suspensão hidropneumática com apenas um passageiro, ou com cinco passageiros mais bagagem, estará na mesma altura.
No final dos anos 80 a tecnologia evoluiu com a ajuda de sistemas eletrônicos e passou a se chamar Hydractive. Com sensores e uma central eletrônica, o ajuste da altura e da rigidez da suspensão eram ainda mais exatos. Os sensores foram conectados ao freio, ao pedal do acelerador e na caixa de transmissão. As informações sobre aceleração, velocidade e condições da estrada eram enviadas à central, que definia a altura exata do veículo.
No Brasil, o sistema ficou conhecido por ser equipado no Citroën Xantia, modelo médio da montadora vendido por aqui entre 1994 e 2001, com cerca de 6.000 unidades comercializadas. Com design do famoso grupo italiano Bertone, o modelo foi o primeiro no país com suspensão hidropneumática.
Mesmo sendo uma das marcas registradas da montadora francesa, a suspensão hidropneumática foi suspensa em 2015, com pouco mais de sessenta anos de presença no mercado. Na época, Linda Jackson, então CEO da Citroën, afirmou em entrevista que a tecnologia estava ultrapassada e que deixaria de existir quando o Citroën C5 2015 saísse de linha.
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