Conheça personagens femininas que redesenharam os rumos da indústria automotiva no mundo
Se você é daqueles que, quando imagina uma mulher no carro, pensa logo no banco do carona ocupado, vamos te dar um conselho urgente: é melhor rever os seus conceitos, amigo! A gente te ajuda nisso.
E não apenas porque estamos no mês internacional da mulher, pois o que você vai conhecer hoje é atemporal, e deve ganhar atenção em todas as épocas do ano, não apenas em março.
Ao longo da história do setor automobilístico, a mulher teve um papel fundamental em sua construção e consolidação. Mas que papel foi esse, afinal? Sem dúvida, o de revolucionar!
Com muita firmeza, mulheres notáveis meteram o pé na porta do machismo e das convenções sociais das mais diferentes gerações, quebrando ciclos de marginalização do próprio gênero.
Como elas fizeram isso? Por meio de atos fantásticos de coragem, mas também pela produção de ciência pura, que trouxe inovações que foram e continuam essenciais à indústria de automóveis até os nossos dias.
Saiba, agora, quem foram essas bravas mulheres e como as suas invenções servem para melhorar – e muito – as experiências que você tem, hoje, ao dirigir confortavelmente o seu veículo.
O sobrenome soou familiar? Não é à toa! O Benz em questão é o mesmo que dá nome à montadora germânica Mercedes-Benz. Bertha foi pioneira em seu propósito de percorrer longas distâncias utilizando um automóvel.
Nascida na Alemanha em 1849, ela realizou a primeira viagem de um carro particular movido à combustão da história, fazendo o trajeto de 106 km em cima do protótipo desenvolvido pelo marido, o engenheiro Karl Benz, que até então desacreditava que sua invenção estivesse pronta para a estrada.
Bertha, no entanto, acreditava que já estivesse pronta para o mundo! Sem Karl saber, ela pegou o veículo e iniciou uma viagem à casa da mãe. Mas durante o caminho, nem tudo saiu como planejado. O carro quebrou, uma válvula entupiu, a ignição falhou. Mas, imparável, Bertha fez todos os consertos sozinha e seguiu. Os problemas enfrentados contribuíram para que, posteriormente, ela desenvolvesse, ao lado do marido, as soluções que serviriam de base à construção dos veículos modernos.
Esta americana foi a primeira pessoa a atravessar os Estados Unidos de uma ponta a outra conduzindo um carro. No ano de 1909, Alice Ramsey, com apenas 22 anos, convidou três amigas para essa viagem. Juntas, elas embarcaram em um modelo Maxwell 30 que só Alice dirigiu.
O trajeto durou 41 dias, nos quais ela precisou realizar 11 trocas de pneu. A distância percorrida foi de mais de 6 mil quilômetros, com saída na cidade de Nova Iorque e chegada em São Francisco, na Califórnia.
91 anos depois, a façanha rendeu à Alice um título no Hall da Fama Automotivo, pelo reconhecimento aos inúmeros desafios superados no trecho: temporais, estradas horríveis, problemas mecânicos, além dos já mencionados pneus, que sempre furavam e, até mesmo, encontros com tribos indígenas e grupo de homens a cavalos à captura de um assassino.
“Dirigir bem não tem nada a ver com gênero sexual. Tudo o que envolve fica acima do colarinho”, disse a homenageada em entrevista após ser premiada.
Também figurando entre as pouquíssimas mulheres no Hall da Fama Automotivo, Denise McCluggage foi a primeira jornalista a receber a honraria.
Além de uma profissional de grande influência na comunicação, que, aliás, participou da fundação do AutoWeek, periódico que se mantém de pé até hoje, Denise ainda ganhou destaque como autora, fotógrafa, esquiadora, mas especialmente piloto de corrida.
Ela conseguiu feitos incríveis como se tornar campeã na categoria Grand Touring das 12 horas de Sebring, no ano de 1961, conduzindo uma Ferrari 250 GT SWB. Além disso, Denise também foi a vencedora do badalado Rali de Monte Carlo, em 1964, quando dirigia um Ford Falcon.
Perto da morte, ela contou a um repórter que suas entrevistas com os pilotos ocorriam através das cercas de arame, porque eles não permitiam que mulheres entrassem no pit, na garagem, ou na área de imprensa da Indy.
“Me falaram que as pessoas não iriam aceitar notícias escritas por uma mulher”, completou. Pois Denise não apenas relatou as corridas de alta velocidade como participou delas e as venceu, para a tristeza dos críticos.
Os anos de 1970 e todo o machismo que cercava o mundo esportivo naquela época não foram capazes de frear uma velocista nata como Shirley Muldowney.
A piloto conseguiu o feito de ganhar por três vezes a dificílima competição nacional Top Fuel da NHRA, uma das categorias de Drag Race. Nela, o piloto chega a 539 km/h, percorrendo em menos de 4 segundos a distância oficial de 305 metros, duração média da prova.
A primeira vitória de Shirley, em 1977, foi tão expressiva que deu a ela o reconhecimento oficial por parte da Câmara dos Representantes norte-americana. E para quem achou que foi sorte, três anos depois ela mostrou que um só título não era o bastante. Assim, se tornou a primeira pessoa do mundo a conquistar por duas vezes o Top Fuel.
Mas se você pensou que a piloto parou por aí, se enganou, meu caro. No ano de 1982, Shirley repetiu novamente o feito, levando pela terceira vez, em um período de cinco anos, o troféu de campeã da categoria para casa.
Na carreira, ela venceu 18 eventos da NHRA nos Estados Unidos, se sagrando na quinta melhor posição entre os 50 pilotos da lista oficial da federação. Não por acaso, é considerada uma lenda americana das pistas.
Já ouviu falar em “New Sportscar eXperimental”? Se não, ok. Mas se eu disser Honda NSX, ajuda? Pois bem, amigo: Michelle Christensen é “o cara” por trás da segunda geração desse veículo icônico. A primeira, só a título de curiosidade, teve ninguém menos que Ayrton Senna participando do projeto, em 1989.
Michelle foi a primeira mulher a trabalhar com design exterior na Acura, a divisão de luxo da Honda – e fez história por lá. Ela foi a líder de desenvolvimento do novo modelo esportivo do NSX, lançado em 2015 nos Estados Unidos.
“Nós sabíamos o quanto era importante que a Acura trouxesse esse veículo de volta e que ele fosse mais agressivo, mais malvado e mais extremo”, afirmou a designer, em entrevista a um canal de TV americano.
Como não podia ser diferente, o lançamento da marca japonesa foi um sucesso de público e crítica, seguindo na esteira que levou o modelo antecessor ao auge nos salões de automóveis mundo afora.
Você conhece aquela picape grandalhona da Nissan, chamada Titan? Então. Temos mais novidades: ela não foi desenhada por nenhum texano parrudo com estilo lenhador, se era o que você pensava, caro leitor. O idealizador dessa caminhonete é, na verdade, ela: Diane Allen, que esteve na concepção das duas gerações do carro, diga-se de passagem.
Diane veste a camisa da Nissan desde 1984 e já recebeu diversos prêmios por seu trabalho, incluindo o Gold Award for Industrial Design Excellence. Atualmente, é diretora sênior de design na divisão de San Diego da montadora japonesa e coordena a criação de diversos outros modelos da marca.
E além da Titan, ela comandou o desenvolvimento do Rogue, do Armada, o primeiro Infiniti M5; também do esportivo 350Z, que contribuiu com a renovação da imagem da Nissan na década de 2000; e mais recentemente do 370Z.
Diane é dona de várias patentes para dispositivos, algo que ela desenvolveu ao longo do tempo em sua carreira como designer automotiva.
Quando o assunto é elegância de espaço interno do carro, fica impossível deixar de fora da conversa este nome, Tisha Johnson. Breve apresentação para quem ainda não a conhece: Tisha é a responsável por planejar a estética, a funcionalidade e o conforto da parte de dentro dos desejados veículos da sueca Volvo.
Ela recebeu o desafio de imprimir o aspecto limpo e de sofisticação a importantes carros da marca escandinava, entre eles: o sedan S90 e a perua V90.
Além de projetar o interior da cabine de ambos os modelos, Tisha coordenou desde a concepção do espaço para os joelhos dos ocupantes nos assentos traseiros, passando pelo suporte ergonômico, até o teto solar panorâmico desses veículos.
A grande tarefa do trabalho dela é unir forma à função. De acordo com Tisha, os clientes não estão dispostos a comprometer a beleza de um carro pela praticidade. Eles querem as duas coisas.
Por fim, mas não menos importante, chegamos à Irina Zavatski. Dos primeiros esboços até o lançamento no ano de 2016, a nova minivan Chrysler Pacifica pôde contar com o modo quase artesanal de trabalho dessa designer exterior.
Sua montadora tinha a dura missão de substituir o Town & Country, e nesse sentido a tarefa de Irina era, segundo ela mesma, “fazer a minivan ser legal de novo”. E ao que parece, Irina conseguiu!
O estilo da minivan agradou em cheio a mídia especializada e o público nos eventos de lançamento ao redor do mundo, arrancando elogios apaixonados. Hoje, Irina atua como gerente de design exterior na Jeep, outra marca do grupo FCA.
Nesta data tão importante para gerar reflexão, esperamos que pelo menos um desses muitos exemplos sirva para inspirar não apenas mulheres, mas também homens a serem melhores.
Essas personagens são a prova definitiva que o lugar da mulher é onde ela quiser! Se com pouquíssimo apoio e várias barreiras sociais, elas venceram, imagine o que não teriam feito com suporte e incentivo? Verdadeiros exemplos.
Então, a você, mulher, nossa homenagem. Feliz Dia Internacional da Mulher!
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