O impacto do Coronavírus no mercado automotivo

 O impacto do Coronavírus no mercado automotivo

Desde que saiu da China, o Coronavírus mudou toda a dinâmica do mundo, afetou a economia, a cultura e as relações pessoais


2020 era para ser um bom ano, a economia brasileira estava dando sinais de recuperação, haveriam as Olimpíadas e, para os flamenguistas, o time de Jorge de Jesus estava caminhando para outro ano excelente. Era para tudo isso acontecer, mas toda a dinâmica global mudou, tudo por causa do Novo Coronavírus.

O Novo Coronavírus, também chamado de COVID-19, é uma doença causada pelo vírus SARS-CoV-2, patógeno que faz parte de uma das famílias mais comum dos vírus, a família Corona. A família desse vírus foi descoberta em 1937, mas foi apenas em 1965 que ele recebeu o nome de Corona, pois seu formato lembra uma coroa.

O COVID-19 foi registrado pela primeira vez em dezembro de 2019, na cidade Wuhan, China. Desde então, o vírus percorreu por todos os continentes habitados do planeta e fez milhares de vítimas por todo o globo.

Com a disseminação do vírus e a falta de uma cura ou um tratamento eficaz, a solução é o isolamento da população, mas isso está afetando diretamente a economia, consequentemente o mercado de automóveis.

Claudio Milan, 53 anos, do um dos editores chefes do jornal Novo Varejo, especializado no comércio varejista de autopeças, afirma que a crise do Coronavírus é diferente que qualquer outra crise.

“Acho que para o nosso mercado há uma diferença básica, que é a redução drástica na circulação de veículos. Já tivemos várias crises, por diversas razões, mas nenhuma afetou diretamente a circulação de veículos, como essa crise.”

Milan faz um paralelo com um efeito dominó, com menos carros nas ruas, há menos a necessidade de realizar manutenções, menos procura por peças novas e, consequentemente, a produção tem que diminuir. “Você depende do varejo, o distribuidor não distribui, a indústria não fabrica”, conta.

A crise

Um dos setores que mais sentiram o impacto da crise do Coronavírus foi o de autopeças. Sidney Araujo Lima, de 61 anos, com mais de 27 anos trabalhando como balconista, ele conta que nunca viu uma situação parecida.

Ele revela que as vendas caíram mais de 30%, algo que se equipara ao período pré-plano real. Diversas medidas estão sendo tomadas para garantir a saúde de funcionários e clientes, tais como o uso obrigatório de máscaras e o número de clientes atendidos de uma vez.

“O impacto é que muda tudo, é um giro de 180˚ na situação de saúde, trabalho e financeiro”, afirma e explica, “saúde, porque envolve precaução, trabalho porque você tem que saber como selecionar as tarefas e muda tudo e, por fim, financeiro porque cai as vendas, é automático.” 

Claudio Milan explica um pouco melhor a situação vivida pelo Sidney. “Naturalmente, o mercado (automotivo) é bastante prejudicado por isso, porque dependemos dos carros na rua. Se não tem carro na rua não tem movimento na oficina e o problema sobe cadeia acima.”

O futuro

É difícil mensurar dados nos dias de hoje, o número de infectados só aumenta e o de mortos também, a falta de previsibilidade é um dos maiores problemas. Milan revela que é difícil afirmar algo sobre o futuro, “hoje, obviamente, tem pessoas com pensamentos mais positivos e, obviamente, com pensamentos mais negativos.”

Em sua visão e com base em suas vivências, o jornalista diz que pode haver um enxugamento de empresas pequenas. “Eu acho que existe um risco concreto da gente ter um enxugamento de empresas, as quais vão ter dificuldade de retomar as atividades, mas as empresas mais fortes vão continuar e eventualmente vão absorver uma parte desse mercado que era tomada pelos concorrentes que talvez não sobrevivam.”

Dados apurados pela Accenture, multinacional de consultoria de gestão, tecnologia da informação e outsourcing, indicam que 75% das empresas tiveram impactos negativos em suas atividades desde que a pandemia foi decretada mundialmente. 

Os mesmos dados revelam que 55% das organizações estão diminuindo suas previsões de crescimento para o ano e 94%, das mil maiores empresas dos EUA, observam rupturas em suas cadeias de suprimentos, segundo a revista norte-americana Fortune.

Quando vai acabar?

A crise só vai acabar, obviamente, quando não houver mais restrição de circulação. “O centro da questão é quando os carros vão voltar a circular e que tipo de consumidor vamos encontrar?”, questiona o editor chefe do Jornal Novo Varejo.

Mas além de saber o quando a crise vai acabar, é necessário questionar que tipo de consumidor vamos encontrar com o fim dela. Questões como a manutenção ou a compra de veículos podem ser deixadas de lado, algo que o balconista de 61 anos concorda. 

“Acho que mais um ano e meio, acho que essa crise só vai passar no começo de 2022, mais ou menos. No final do ano que vem, vai estar mais aquecido e vai dar para começar a sentir uma evolução melhor falando financeiramente”.

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