Essa é uma daquelas histórias surpreendentes que só o balcão pode reservar. E ela aconteceu lá em Palmeira de Goiás, um município de 27 mil habitantes, localizado a cerca de uma hora e meia de Goiânia. Por ali, na principal avenida, trabalha o Thiago Santos, que tem 33 anos de idade e mais de 20 no ramo. Como vários outros balconistas espalhados pelo Brasil, Thiago começou cedo. Aos 9 anos, já era “moleque de oficina”, como ele próprio diz, responsável por varrer, desmontar alguma peça, ajudar no estoque.
“Comecei mesmo a trabalhar no balcão aos 16 anos, aqui nessa mesma loja. Eu sempre gostei de carro, desde pequeno, então as oportunidades foram chegando e eu soube aproveitar”, explica o vendedor, que dedicou boa parte da vida à mesma empresa. Em 98, quando ele começou a trabalhar na MC Máquinas, a loja ainda era muito pequena.
Ficou por ali até 2008, quando resolveu dar o primeiro passo para se tornar um empreendedor. Abriu uma portinha nos fundos de uma oficina mecânica para atender o próprio mecânico. Depois a porta foi para a frente da rua e o negócio até podia ter prosperado mais, não fossem as dificuldades com a parte administrativa e financeira da loja.
“O mais complicado para mim foi administrar. Vendia fiado, depois demorava para receber. Comecei com 0, com pouco dinheiro e aí ficou difícil. O conhecimento do balcão, das peças eu já tinha. Se tivesse alguém para cuidar dessa parte, o negócio teria deslanchado”, explica Thiago.
Assim, a Autopeças Santos precisou fechar as portas, mas não sem antes trazer uma das grandes histórias da vida do balconista. Aos 28 anos de idade, Thiago não conhecia seu pai. Tinha sido criado por sua avó e sua tia, sem nunca saber ao certo quem era o responsável por trazê-lo ao mundo. “Em cidade pequena assim, a gente ouve falar muita coisa. Então eu desconfiava, mas não sabia direito quem era meu pai”, conta.
Durante um almoço, que acontecia ali dentro da loja mesmo, seu pai apareceu. Não foi nem preciso conversar muito para que os dois soubessem do que se tratava aquele encontro. Algum tempo depois, Seu Ermenegildo sofreu um AVC e, além de seu novo irmão mais novo, Thiago é o responsável por seus cuidados. Mora com ele há algum tempo, numa “fazendinha” que fica ali mesmo em Palmeira de Goiás, a 9 minutos da loja.
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Foi aí que o ciclo novo começou. Thiago fechou as portas e partiu para Goiânia, para trabalhar em uma das lojas de autopeças mais importantes da região. Passou um tempo lá, aprendeu muito sobre carros importados, sobre a correria da cidade grande, mas quis voltar. Sentia saudade do interior, da calmaria de lá, da proximidade que tinha com os clientes.
“Telefonei para o meu antigo patrão e disse que queria voltar. Sabe o que ele me respondeu? ‘Eu já tava te esperando faz tempo, Thiago’. Isso é muito bom de ouvir. É a prova do reconhecimento, do trabalho bem feito”, conta o vendedor, que hoje, quase 20 anos depois do início nessa loja, retornou como gerente. “Deus tem me abençoado muito. Tudo que eu peço, ele me ajuda. Até mesmo essa revista. Eu via e pensava: ‘Um dia minha história vai ser contada. Um dia todo mundo vai saber’”.
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