Ele começou a correr na Fórmula 1 com apenas 17 anos. É considerado o piloto mais jovem do mundo a fazê-lo, e também o mais jovem do mundo a ganhar o campeonato Fórmula-Chevrolet. Tem atuação recente na Stock Car, com vitórias contadas e 3 equipes diferentes ao seu lado. Além de piloto automobilístico, o curitibano também é dono de uma empresa de customização de carros hexacampeã em torneios mundiais de design automobilístico, a TMC, criada em 1999.
É responsável pelo programa Lata Velha, do Caldeirão do Huck, em que aplica suas ideias artísticas em carros populares e ajuda a realizar o sonho de muitas pessoas. Ele também é comentarista oficial da Fórmula 1 na Rádio Jovem Pan, e aparece há 11 anos no programa Auto Esporte, da Globo, em participações especiais. Tem até mesmo um bar chamado A Caverna que abriga um público diversificado e, muitas vezes, também imerso no universo dos veículos.
O piloto Tarso Anibal Santanna Marques descobriu sua paixão pelos carros e pelo automobilismo muito (muito) cedo. Presenciou corridas pela primeira vez com apenas 3 meses de idade, quando o pai pilotava em autódromos no tempo livre. Essa paixão o acompanhou pelo resto da vida: até hoje, não importa qual empreendimento se envolva, sempre há alguma relação com os automóveis. A empresa, os programas, o bar e a rádio: todos estão dentro desse universo quase por natureza.
Hoje, Tarso afirma que ama seu negócio no design, mas sua paixão ainda é a corrida. Faz de 3 a 4 corridas na Europa, em campeonato mundial, e algumas no campeonato brasileiro por ano. Carrega e tem realizado o sonho de fazer um carro próprio de corrida, que seja “o melhor do mundo” depois da Fórmula 1, e “absurdamente mais rápido que o da Stock Car”. Começou a montá-lo no ano passado e está finalizando-o agora.
Com seu espírito empreendedor, ainda vai realizar inúmeros marcos e, quem sabe, talvez até levar a Tarso Marques Concept (sua empresa) para os Estados Unidos no futuro.
– Como começou sua história com as corridas?
Eu praticamente nasci dentro de um autódromo. Quando tinha poucos meses, eu já ficava no box de corrida acompanhando meu pai. Ele corria por hobby, trabalhava e corria no final de semana. E aí minha mãe e ele sempre me levavam para as pistas e eu ficava em um cantinho, no chão do box. Então praticamente a minha vida inteira foi 100% ligada ao automobilismo. Eu comecei a correr no kart cedo, com cinco anos, e aí comecei minha carreira na Fórmula Chevrolet.
– E como foi essa aproximação com a Fórmula?
Foi super legal, eu tinha acabado de fazer 16 anos. Fui o piloto mais jovem da história a ganhar uma corrida e fazer pole, tanto na categoria Chevrolet (presente no mundo inteiro), quanto na Fórmula 3 e na Fórmula 3000 também. E depois fui o mais jovem a andar de Fórmula 1, com 17 anos. Na Fórmula-Chevrolet foi um ano muito legal: participei de 8 corridas, e das 8 eu ganhei 4 ou 5. Era campeonato brasileiro. Depois eu fiz um ano na Fórmula 3 sul-americana e fui para a Fórmula 3000 na Europa. Pouco tempo passou e eu já estava na Fórmula 1.
– Quais foram suas maiores motivações e inspirações dentro do automobilismo?
Meu pai foi quem sempre me motivou, minha família inteira sempre me apoiou muito, e foram eles que me ensinaram tudo. E o meu ídolo sempre foi o Ayrton Senna, desde criança até hoje eu vejo ele como o maior de todos.
– Você já declarou que tem um estilo mais “europeu” de corrida e de competição. Quais as maiores diferenças desse estilo para o americano?
A principal é o profissionalismo. O automobilismo europeu, principalmente Fórmula 1, é 100% focado nisso. Não tem muito essa de fazer amizade, você até fala e conversa, mas o foco é outro. É diferente dos Estados Unidos, que é uma coisa mais amigável. Na F1, um quer eliminar o outro, e o primeiro carro que você tem que derrubar é o cara da sua própria equipe. E é o que eu acho certo, na verdade, por que no automobilismo você tem que ser competitivo e ganhar a corrida, e não chegar em segundo, terceiro ou quarto. O segundo é o primeiro perdedor.
– E você sente saudade de correr pela F1? Qual era a melhor parte?
A única parte boa é guiar o carro. Guiar um carro de Fórmula 1 é a melhor coisa do mundo, não tem nada parecido – nada, zero. Agora, da categoria mesmo, eu tenho zero saudades. Todo dia eu agradeço por não estar mais, porque tem muita politicagem, envolve muito dinheiro. Então não é um ambiente legal e saudável. É legal o profissionalismo, a qualidade do carro, e o trabalho que a gente faz. Perto disso, a Stock Car é quase uma brincadeira de criança.
– Como foi que o programa te chamou para participar? Como se deu essa aproximação?
Eu entrei no programa em 2015, mas já tinham me chamado antes. Na época eu não queria fazer, porque achava que o quadro ia um pouco contra o perfil do meu negócio [marca Tarso Marques Concept]. Ali a gente faz produtos de altíssimo nível, de luxo, conceituais – desde carros até motos, aviões e barcos. E o Lata Velha fazia, antigamente, muitos carros alegóricos. Se o cara era fazendeiro, eles colocavam um chifre no capô. Ou então o cara era pedreiro e eles pintavam e colocavam azulejos no carro. E eu jamais faria um negócio desses, de jeito nenhum. Acho brega, e é até ruim para a minha imagem. Então eu falei que, se chamassem para fazer o quadro, eu faria um carro com cara de carro. E aí em 2015 o Luciano me falou que nós poderíamos fazer uma experiência. E deu muito certo, aumentou demais a audiência. Levantou totalmente o conceito do programa.
– Qual a parte que você mais gosta de participar do Lata Velha?
Acho bacana a história, porque você realiza o sonho de uma pessoa. Os carros em si são normais – é um ou outro que a gente pode fazer algo mais diferente. Porque a gente tem que pensar na funcionalidade: não posso colocar uma roda importada de corrida porque, se furar o pneu, a pessoa não vai ter condições de arrumar. Então tem que ser viável para a pessoa.
Você teve aulas de mecânica ao longo da vida ou foi aprendendo tudo na prática?
Eu brinco que a melhor escola que eu tive foi a Fórmula 1. Diferente dos pilotos de hoje em dia, eu sempre fui um cara que sempre gostou muito da parte técnica. Ficava 10, 12 horas por dia na oficina. E queria saber o que era o carro. Então eu tenho muito conhecimento de mecânica, muito conhecimento de carros, de parte aerodinâmica (que aprendi muito na F1 com os engenheiros de lá).
– E quais as maiores diferenças das customizações que você faz na sua empresa para as do Lata Velha?
Ah, é 100% diferente. No Lata Velha, é sempre um carro popular, uma coisa que não fazemos na marca TMC. Na empresa, a gente trabalha ou modelos esportivos (tipo Porsche, Ferrari), ou carros antigos, que são carros na maior parte das vezes americanos, e raros. E o Lata Velha, além de ter carros diferentes, tem um orçamento e um prazo muito limitados. Teve alguns carros que tive que fazer em 8 dias, é um esforço descomunal. E você tem que agradar o dono do carro, e pensar que normalmente é o único carro deles: é o carro que eles usam para trabalhar, para passear com a família. E ainda tem as ideias do Luciano, e as ideias dos Patrocinadores. Então, o contrato deixa tudo meio limitado. Já nos carros que a gente faz, é mais exclusivo, tem mais liberdade, mais orçamento.
– E quando você começou a customizar carros?
Comecei em 1994, por hobby, um ano antes de eu entrar na Fórmula 1. Eu gostava muito de carros antigos e de Harley-Davidson, que não existia no Brasil na época. E aí eu comecei a desenhar o modelo, mandei para uma oficina e eles me davam um prazo e um custo. Eu voltava três meses depois, e nada estava pronto. Aí eu brigava, ia para outra oficina, e foi assim. Fiquei nessa por 4 anos, ninguém conseguia fazer do jeito que eu queria. Aí eu me irritei e falei: “quer saber, eu vou contratar profissionais, funileiros, pintores, e vou colocar dentro do meu escritório para fazer o carro e a moto”. E aí em 6 meses eles acabaram. Eu saía e aparecia muita gente querendo comprar a minha moto, então começamos a fazer customizações por encomenda. E foi virando um negócio. Comecei a contratar mais gente e virou uma empresa. Já tem 3 sedes em São Paulo e 1 em Curitiba.
– Você tem planos de expandir a marca?
Não. Na verdade, já pensei em fazer nos Estados Unidos, até cheguei a fazer alguns projetos, mas optei por não entrar nessa porque estava com muitos compromissos aqui. E se eu não estiver em cima, não vai. Mas em outras cidades do Brasil não. Já tivemos muitas propostas, mas não é a ideia, porque acho que só funciona se eu estiver junto. E não dá tempo. Então vamos continuar assim, porque a gente atende o Brasil todo e também exporta.
– O que a pessoa tem que fazer para contatar vocês se ela quer customizar o carro dela?
As pessoas entram em contato pelo site ou por rede social. Mas nosso critério para escolher, a grosso modo, é restaurar carros dos anos 70 para baixo. Carros esportivos fazemos todos. E tem a ideia do projeto também: eu tenho que gostar dela, e preciso ter liberdade para fazer meu trabalho artístico.
– Como funcionam os campeonatos de customização de que vocês participaram?
Nós participamos de um na Flórida 6 vezes, de customização de moto. É um campeonato mundial, o maior campeonato de customização do mundo e a gente ganhou as 6 que a gente foi. É um evento imenso que acontece durante uma semana na cidade de Daytona Beach, na Flórida. Aparecem 550 mil motos durante a semana, umas 2.000 concorrem. Estão os maiores customizadores do mundo. Eu fui o único brasileiro da história que participou, geralmente quem domina são os americanos.
– Vocês usam muita tecnologia para fazer essas customizações?
Nós usamos muito, e cada vez mais. Principalmente dos últimos 3 anos para cá, a empresa teve apoio de muitas marcas de equipamentos com os quais eu já sonhava, mas nunca imaginava que teria. Então temos scanner a laser, centros de usinagens enormes, impressora 3D (temos 6 impressoras, uma delas até fabricamos). Temos um monte de programas de customização. Os projetos são muito técnicos e bem elaborados.
– Conta um pouco mais sobre o seu Bar A Caverna.
O bar continua funcionando só que com uma frequência menor. Fazemos uma festa por mês, normalmente eventos dos meus patrocinadores. Ele funcionava como charutaria, barbearia, tatuagem e show room. Continua tudo exatamente igual: se falar que quer fazer uma festa lá hoje, é só chegar lá e ligar o som. Porque tem a decoração e o suporte está todo lá. Só que, como nós começamos a gravar com a Globo, às vezes de 3 a 4 vezes por semana, e o bar funcionava das 9h até à noite, ficou muito pesado. A gente mantém tudo e eu só faço eventos fechados quando a gente não tem gravações.
– Você gosta de estar perto, né?
Sim, porque é muito ligado a mim. Eu tenho muito cuidado, porque eu vivo disso, da minha marca. Minha marca é meu nome, então tudo tem que ter uma boa imagem. Eu prefiro ter a coisa mais sob controle de forma que eu consiga saber tudo o que sai de cada projeto
– Você se vê como um empreendedor? Acha que isso sempre esteve em você?
Sim, totalmente. Porque, primeiro, esse negócio de customização é uma coisa que todo mundo conhece hoje. Mas, quando eu comecei, não existia isso. Ninguém sabia o que era customizar carro ou moto. Foi a gente que inventou isso no Brasil. Em 1994, quando eu comprei um carro e comecei a fazer isso, todo mundo me chamava de louco. Quando ficou pronto, todo mundo ficou encantado. Hoje é uma febre mundial e no Brasil, nos últimos 5 anos, cresceu absurdamente. E vai crescer cada vez mais. Porque hoje em dia ninguém quer carros iguais, todo mundo procura uma coisa exclusiva, com mais personalidade.
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