Os 45 anos do Fiat 147, o primeiro carro movido a etanol do mundo

 Os 45 anos do Fiat 147, o primeiro carro movido a etanol do mundo

Reconhecido por seu pioneirismo na indústria automotiva, modelo inaugura polo da Fiat em Betim e hoje compõe o acervo de clássicos da marca

No fim da década de setenta, mais precisamente no dia cinco de julho de 1979, a Fiat do Brasil marcou época ao lançar o primeiro carro movido a etanol no mundo, com produção em série: o Fiat 147.

Carinhosamente apelidado de “Cachacinha” devido ao odor característico exalado pelo escapamento, o modelo tornou-se um símbolo importante para a engenharia automotiva brasileira. 

O lançamento intensificou o foco nacional no desenvolvimento de tecnologias para veículos mais eficientes e menos poluentes. Por essa e outras razões, hoje o Balconista S/A homenageia este clássico, contando os principais detalhes em torno da sua ascensão.

Inovações e pioneirismo

“O Fiat 147 é um ícone que marcou a vida de milhares de brasileiros. Mais do que isso, ele entrou para a história da indústria automotiva ao ser o primeiro com motor a etanol no mundo produzido em série”, disse o vice-presidente da Fiat para a América do Sul, Alexandre Aquino.

Para o executivo, esse legado se estende até hoje com a tecnologia dos motores flex, que está presente na maioria da frota brasileira de veículos leves. “O etanol se consolidou como protagonista no processo de descarbonização no país por ser um combustível extremamente eficiente em emissões quando considerado o ciclo de vida completo do automóvel”, completou.

Reconhecido por seu pioneirismo, o Fiat 147 abriu a linha de montagem do Polo Automotivo de Betim, em 1976, com uma série de inovações, como motor em posição transversal, coluna de direção retrátil, pneus radiais, para-brisa de vidro laminado e o estepe dentro do compartimento do motor, proporcionando melhor aproveitamento do espaço.

As fases de desenvolvimento e testagem

A cronologia do Fiat 147 a etanol começou a partir das pesquisas para a fabricação do motor. Após a primeira crise do petróleo em 1973, governos e fabricantes de automóveis em todo o mundo passaram a buscar soluções para reduzir o consumo de derivados do petróleo, como a gasolina. No Brasil, o então governo instituiu em 1975 o Programa Nacional do Álcool (ProÁlcool), que incentivava a produção de etanol com base na cana-de-açúcar.

Em 1976, o primeiro protótipo do veículo movido a etanol foi exibido no Salão do Automóvel de São Paulo, já com milhares de quilômetros rodados. Em 1977, houve o aprimoramento técnico e a montagem de novas unidades para diversos testes.

No ano seguinte, um Fiat 147 realizou o teste decisivo para a criação do primeiro motor brasileiro a etanol: uma viagem de 12 dias e 6,8 mil quilômetros pelo país, com média de mais de 500 km diários, percorrendo três mil quilômetros por terra e enfrentando variações climáticas superiores a 30 graus.

A trajetória de inovação e resiliência finalmente consolidou o Fiat 147 como marco na indústria automotiva do Brasil, promovendo o uso de etanol e contribuindo significativamente para a descarbonização e eficiência da frota do país.

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