Os números da crise: Medidas de prevenção ao Coronavírus que afetam o mercado automotivo

Assim como no resto do mercado, o meio automotivo está sofrendo, e muito, com a crise do Coronavírus.

Matéria produzida em 6 de maio de 2020

Enquanto Coronavírus coloca em risco as vidas das pessoas, o isolamento social coloca em risco a economia. As medidas de restrição afetam diversos setores, principalmente o mercado automotivo. É inevitável, para conter uma pandemia e salvar vidas temos que tomar medidas drásticas, até então a melhor solução é o isolamento. 

Durante o período de isolamento, montadoras e fabricantes de peças automotivas, deixaram em torno de 370 mil funcionários de linhas de produção em casa. A Toyota, por exemplo, afirmou que só vai voltar a ativa no fim de junho, entre os dias 22 e 24, nas fábricas em São Paulo.

Assim como a montadora japonesa, a GM está adotando um sistema de banco de horas e férias coletivas, mas a empresa prevê um layoff, ou seja, a suspensão temporária ou parcial de contratos. Além disso, a montadora prevê reduções salariais de 5% a 25%, a depender do cargo e da renda do trabalhador, segundo o site da Folha de S. Paulo.

Além das fábricas

Quando olhamos a crise causada pelo COVID-19, logo nos preocupamos com os funcionários de fábricas, mas um outro setor está sendo impactado pelo caos causado pelo Coronavírus, o setor de venda e revenda de automóveis.

Segundo dados apresentados pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), entre Abril e Março de 2020, aconteceu uma queda de 69,91% na venda de carros novos, 62,52% de motos novas e 44,07% de caminhões e ônibus novos.

Em março, o total de vendas foi de 249.392 mil unidades novas, em Abril, os números caíram para 89.692. Se compararmos com os dados de 2019, no mesmo mês de Abril, foram vendidos 339.388 veículos no total, uma refração de 73,57%.

Ainda no mês de Abril, a venda de automóveis usados também caiu. O mês registrou 153.737 automóveis, comerciais leves e veículos pesados (ônibus e caminhões), enquanto isso, em Abril do ano passado foram registrados 915.931, uma queda de 83,2%. 

Para tentar frear a queda, algumas montadoras estão optando por alternativas. A Hyundai criou o Hyundai Express, uma plataforma online que conecta compradores com concessionárias. “A Hyundai Motor Brasil e sua Rede de Concessionárias se uniram para oferecer aos clientes uma forma segura e rápida de comprar e receber seu veículo HB20 ou Creta em sua casa: o Hyundai Express”, explica a empresa em seu site.

Em uma entrevista para a Exame, o vice-presidente comercial da Hyundai no Brasil, Angel Martinez, afirmou: “Estamos amarrando uma série de iniciativas para o cliente que precisa trocar seu automóvel, mas de uma forma segura. Vamos ter um varejo diferente no setor automotivo daqui para frente.”

Em parceria com o Santander, a Webmotors lançou a plataforma CarDelivery. A proposta é oferecer uma negociação segura sem colocar a vida em risco de seus clientes. Todo o processo é feito 100% online, inclusive a entrega do carro, que é feita diretamente na casa do comprador.

O impacto financeiro

Segundo o dono da Oikonomia Consultoria Automotiva e colunista da InfoMoney, Raphael Galante, mesmo nos melhores cenários a retração nas vendas de automóveis será a maior da história.

Galante afirma que as previsões para o ano de 2020 eram ótimas, um aumento de 9% no setor de vendas em relação ao ano passado. A previsão mudou, agora está sendo projetado uma refração de 28% a 30%.

Outra consultoria focada no mercado automotivo, a Bright Consulting, afirma que o prejuízo causado pela crise do Coronavírus no mercado brasileiro vai ficar em torno de R$ 42 bilhões em 2020, enquanto as previsões do começo do ano eram que o mercado aumentasse 9%.

Como isso acontece?

Os números astronômicos são causados por um efeito dominó, como explica o jornalista Claudio Milan, em uma entrevista ao Balconista S/A. “Se não tem carro na rua, não tem movimento na oficina e o problema sobe cadeia acima. Não vende no varejo, o distribuidor não distribui e a indústria não fabrica.”

Uma das estratégias de contenção que mais causaram polêmicas nos últimos dias, foi a extensão do rodízio de carros em São Paulo. Agora ele funciona 24 horas e carros com o final da placa ímpar só podem sair nos dias ímpares e carros com a placa par só pode sair nos dias pares. Mas o insucesso da medida fez com que o transporte público sofresse uma superlotação, fazendo a prefeitura voltar atrás depois de alguns dias.

O prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), afirmou que em momentos difíceis, medidas extremas devem ser tomadas. A cidade de São Paulo já acumula quase 2 mil mortes e representa 63,31% dos óbitos do Estado. Para evitar um lockdown completo (bloqueio total de uma determinada região), a saída foi expandir o rodízio e aumentar o isolamento social.

Quando vai acabar?

Ao observar o cenário internacional, é possível notar que essa crise não durará muito tempo. Algumas cidades brasileiras, inclusive no Estado de São Paulo, estão flexibilizando a quarentena em regiões com poucos casos ou nenhum.

Segundos médicos especialistas, o Brasil não voltará ao “normal” antes de agosto, já o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), afirma que a crise pode durar seis meses. 

Dados divulgados pelo Innovation Center revelam que a sociedade brasileira não vai voltar a ser o que era antes. Foram entrevistadas mais de 4 mil pessoas de diferentes regiões do Brasil. 75,1% dos entrevistados acham que vão sair mais fortes depois da crise e 82,5% afirmaram que vão continuar com o hábito de lavar as mãos depois do fim da crise e 56,2% vão continuar usando álcool em gel.

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