Um carro que remonta a história e o passado do seu dono. Henrique Romanos, professor de línguas, é quem explica porque foi atrás de um Aero Willys. “No comecinho dos anos 70 eu costumava ir fazer pescaria na Billings com um grande amigo meu. O pai desse meu amigo tinha um Aero, e era ele quem levava a gente para passear. Lembro que meu amigo e eu íamos no banco de trás, e eu achava o carro muito bonito, confortável, espaçoso…eu achava aquele carro o máximo. Então eu fiquei com isso na cabeça por muito tempo. O Aero virou um carro velho, nos anos 80 quase não via mais na rua. O tempo passou e em 2006 eu decidi investir no primeiro velhinho. Procurei na internet e encontrei ele, que na época estava valendo dez mil reais. Fora parte de cromagem, revisão de freios e pneus, a estrutura do carro estava muito boa”, conta Henrique.
A Willys Overland, montadora do Aero, deixou de existir em 1975. Em seus pouco mais de sessenta e cinco anos de existência, a empresa norte-americana foi responsável por produzir verdadeiros ícones da indústria automobilística. Além do Aero, fabricado entre 1960 e 1971, a Willys também fabricou o Jeep, usado pelo exército norte-americano na Segunda Guerra Mundial, e o Alpine 108, conhecido no Brasil como Willys Interlagos. Porém, entre eles, o Aero Willys se destaca por ser o primeiro veículo da montadora com design 100% brasileiro, e também o primeiro carro nacional com motor seis cilindros.
Foram seis meses até deixar o carro “capa de revista”, como diz o próprio Henrique. Para comemorar o fim da restauração, o professor e sua família decidiram viajar até o litoral e, já nesta viagem, Henrique teve a confirmação de que tinha feito um excelente trabalho recuperando o seu Aero. “Quando eu era moleque, a coqueluche de qualquer família era ir até Santos de carro. Então para recordar os velhos tempos decidimos fazer o mesmo. Depois de ir na Ilha Porchat, em São Vicente, paramos para almoçar e veio um senhorzinho conversar comigo, pedindo para ver o carro e dizendo que estava muito bonito. Eu lembro que minha família e eu estávamos com muita fome, então eu disse para ele ficar a vontade, que deixaria o carro aberto e ele podia ver sem problemas. Então estamos lá almoçando, quando o senhor volta, toca no meu ombro e diz ‘você não quer vender ele pra mim? Te pago 50 mil mais o táxi para você voltar até São Paulo’. Eu expliquei para ele que não vendia, mesmo assim ele ainda insistiu mais um pouco até que viu que não tinha jeito. Naquela hora o coração foi mais forte que a razão.”
O Aero Willys 68 2600, 110 cavalos, não é o único carro que mexe com o coração de Henrique, dono de outros dois placas pretas. Um deles é o Ford 53 Custom Line, que Romanos encontrou no Rio Grande do Sul e investiu bastante no processo de restauração. O outro é um FNM JK, variante brasileiro do Alfa Romeo 2000, que representa muito para a infância do professor. “Meu pai tinha um JK. Ele também remete bem a época de infância. É uma forma de eu reviver os sonhos daquele tempo, então eu tenho uma feição muito grande por isso. Eu acho que todo apaixonado por carros antigos é saudosista. Temos saudade até daquilo que não vivemos. Alguns expressam isso por meios de músicas, outros pela maneira de se vestir, e alguns com os carros. Acho que por isso vemos cada vez mais jovens entrando no mundo do antigomobilismo.”
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Para o futuro de seus carros, Henrique não pensa em vender nenhum deles e já tem algumas opções para preservar suas relíquias. Além de pensar em manter um dos carros na família, Romanos acredita que seus veículos sejam dignos de serem recebidos por museus. “Eles merecem e podem estar em museus. É o tal negócio, o ser vivo tem um prazo de validade, já uma máquina como um automóvel é igual uma grande construção, se bem cuidado pode durar séculos, atravessar gerações, passar para os filhos e depois para os netos. Pelo menos um vai ficar para a família”, diz Henrique.
Confira a entrevista com Henrique Romanos, dono do Aero Willys 68:
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