Fechada há mais de 50 anos, a Playboy Automobile Company foi o motivo para batizar a revista com este nome.
Diferentemente do que muitos imaginam, a Revista Playboy tem forte relação com o mundo automobilístico. Isso porque, antes do surgimento da publicação, “Playboy” era o nome de uma fabricante de veículos.
Continue a leitura para entender melhor essa história.
A Playboy Automobile Company nasceu na cidade de Buffalo, em Nova York (EUA). Em 1946, o revendedor Louis Horowitz deixou a montadora Packard para se juntar ao engenheiro Charles Thomas (ex-engenheiro da Pontiac) e ao mecânico Norman Richardson, a fim de criar uma nova fábrica de carros.
E qual o porquê dessa escolha? Simples: Norman e Charles já haviam trabalhado juntos anteriormente. Ambos criaram um carro aerodinâmico – o “Thomas Rocket Car” – projeto futurista idealizado no final dos anos 1930.
A título de contexto histórico, a Segunda Guerra Mundial estava chegando ao fim, e, nessa esteira, a demanda do mercado automotivo por modelos 0km cresceu em proporções gigantescas. Assim, várias fabricantes passaram a ganhar vida nos EUA.
A ideia do trio para o protótipo foi criar um carro simples, de no máximo 4 metros de comprimento, ou seja, menor do que os padrões locais. O conversível contava com três lugares em um único banco sem emendas.
O motor (à gasolina e refrigerado à água) se localizava na traseira e carregava quatro cilindros em linha. Na época, era muito comum haver chassis separados da carroceria, e, para inovar, Charles, Norman e Louis decidiram utilizar uma estrutura monobloco.
Também raridade naquele período, o carro americano possuía suspensão independente nas quatro rodas. Pronto em agosto de 1947, o carro Playboy foi feito manualmente.
Apesar disso, o chamado Playboy A48 já havia sido projetado visando à fabricação em série. Seu projeto mecânico era mais tradicional: com motor dianteiro, tração traseira e eixos rígidos na frente e atrás.
Seu design se inspirou no primeiro protótipo, tendo 3,94m de comprimento e 2,28m de entre-eixos. Embora tenha mantido o formato conversível, seu teto era inteiramente de aço (rígido retrátil), e não mais de lona.
Esse tipo de teto era outro elemento incomum para a época. Até o momento, a única marca a produzir modelos coupe cabriolet era a Peugeot, com o 402 Éclipse, na década de 1930.
A Playboy Automobile Company era mais considerada uma montadora do que uma fabricante em si. A empresa não tinha fábricas, máquinas pesadas, e nem mesmo uma estamparia. Assim, esses processos eram muitas vezes terceirizados, e em algumas ocasiões reaproveitados de outras marcas.
Os motores, por exemplo, vinham de duas companhias diferentes: ou da Continental Motors Company, ou da Hercules Motors Corporation, dependendo da disponibilidade de ambas.
Porém, independentemente da fabricante, todos os motores fornecidos eram iguais: de cabeça chata, quatro cilindros em linha, e potências de 40 e 48cv; portanto, unidades de uso comum em geradores, tratores e veículos de carga.
Assim como os motores, o câmbio manual também era importado de outra companhia: a Borg-Warner. O Playboy A48 alcançava os 120 km/h, mesmo tendo 923 quilos.
Porém, após ter produzido apenas 97 veículos, a empresa declarou falência em 1949. A principal razão estava no alto número de concorrentes no mercado. Grandes nomes como Ford, GM e Chrysler também estavam lançando carros compactos e por preços semelhantes aos da Playboy. Assim, conquistar o público dessas outras marcas era uma tarefa praticamente inviável.
Além dos fatores acima, a empresa se envolveu em escândalos de estelionato, pois os donos não tinham créditos o suficiente para comprar sequer um carro de sua própria marca.
Na tentativa de exportá-los para o Brasil, vereadores como Jânio Quadros suspeitaram da Playboy, que chegou a entregar apenas uma unidade das 163 zero quilômetro prometidas aos compradores.
Confirmando o que já se anunciava, a companhia encerrou suas produções em 1951. Mais de 50 anos depois, em 2003, Hugh Hefner – dono e criador da Revista Playboy – se juntou com amigos para decidir o nome da publicação, já que o que tinha pensado já estava em utilização.
A decisão veio a partir da descoberta que a mãe de um desses amigos havia trabalhado na Playboy Automotive, título que soou bem aos ouvidos de Hefner.
Até hoje, metade da frota produzida – incluindo a versão-protótipo – circulam pelo mundo.
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