E se você soubesse de antemão o que aconteceria caso o seu carro sofresse um acidente? Pode até parecer coisa de vidente, mas é exatamente isso o que testes de segurança propõem-se descobrir.
Antes mesmo de chegarem às concessionárias, os automóveis são submetidos a um rígido processo de planejamento, definição e desenvolvimento. Seguindo determinações do IBAMA, são verificados níveis de emissão de ruídos e poluentes. Em seguida, sistemas de segurança veicular ativa e passiva. Todos aspectos essenciais para definir se o carro está, ao menos, apto a rodar.
Apesar do cuidado, muitos dos modelos aprovados chegam ao consumidor final devendo uma performance satisfatória no quesito segurança. Para contornar isso, programas de avaliação foram, e são, criados para reavaliar os níveis de segurança de múltiplos modelos. Na Europa, por exemplo, uma boa parte dos países se uniu para padronizar o processo avaliativo.
A mudança aconteceu em 1958, quando a maioria dos governos europeus assinou um acordo, sob coordenação de um grupo da ONU responsável por segurança no trânsito, que previa uma série de fatores a serem avaliados em todos os veículos novos. Entre esses controle de estabilidade, desempenho do freio ABS e eficiência dos cintos. No entanto, o Brasil nunca implantou um método nesse molde. Até o momento, estes se limitam a organizações privadas (que avaliam o desempenho dos seus próprios produtos) e independentes.
Principais tipos de teste
Ação: Colisão direta com uma barreira de concreto sólida a 56 km/h.
Objetivo: Simular a colisão com outro carro, do mesmo peso, andando na mesma velocidade.
Ação: Colisão de um pistão a 56 km/h com a lateral de um veículo.
Objetivo: Simular um veículo que cruza indevidamente um cruzamento e colide com um outro carro.
Ação: Manobras evasivas com dupla mudança de pista
Objetivo: Verificar a habilidade de deslocamento lateral do veículo, estabilidade e capacidade de fazer um traço linear.
Fábio Marcel da Silva é o engenheiro responsável pelo campo de provas da ZF Aftermarket, distribuidora de peças de segurança. Diariamente, ele acompanha de perto testes de segurança que submetem os produtos da empresa a condições extremas de utilização. Ao ser questionado sobre o procedimento feito em casos onde os resultados não batem com a classificação média, ele explica. “O objetivo principal dos testes é garantir não só a segurança dos ocupantes de veículos, mas também a dos pedestres. Qualquer produto que tenha o resultado fora do exigido por legislação e normas de segurança deve ser alterado, corrigido e ter seu processo de validação refeito”.
Como os testes de segurança são montados?
No Brasil, as principais avaliações independentes são feitas pelo Latin NCap, uma divisão que atende desde 2010 toda a América Latina e o Caribe. Em geral, os modelos avaliados são produtos cedidos por montadoras, ou adquiridos por patrocínio de instituições que apoiam o programa. Dentre as principais simulações estão colisão lateral, frontal e capotamento. Em todas, a gravidade da deformação na carroceria e o impacto sofrido pelos passageiros são essenciais para a definição da nota atribuída.
Para entender a gravidade do impacto sofrido são usados car crash dummies, bonecos que representam os seres humanos adultos e crianças. Toda a construção deles é feita para alcançar o máximo de precisão nos resultados. Para isso, são usados materiais que simulam a fisiologia do corpo humano. Isso desde os principais ossos – como a coluna, feita de discos de metais intercalados por discos de borracha – até as partes externas. Sensores também são instalados a fim de capacitar a medição das consequências físicas de cada acidente.
Onde ficam os sensores?
Na cabeça
Medem acelerações laterais, verticais e longitudinais
No pescoço
Medem a força do impacto
No peito ou tórax
Medem aceleração e deslocamento das costelas
Na pélvis
Medem acelerações laterais, verticais e longitudinais
No fêmur
Medem esforços na região superior das pernas
Nos joelhos
Medem esforços sofridos no impacto
Nas tíbias
Medem forças e torções próximas
Nos pés
Medem acelerações nas direções lateral, vertical e longitudinal
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